O que é a Agenda 21 Global?
É um plano de ação estratégico, que constitui a mais ousada e abrangente tentativa já feita de promover, em escala planetária,
novo padrão de desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.
Trata-se de decisão consensual extraída de documento de quarenta capítulos, para o qual contribuíram governos e instituições
da sociedade civil de 179 países, envolvidos, por dois anos, em um processo preparatório que culminou com a realização da
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - CNUMAD, em 1992, no Rio de Janeiro, conhecida por ECO-92.
Apesar de ser um ato internacional, sem caráter mandatário, a ampla adesão aos seus princípios tem favorecido a inserção
de novas posturas frente aos usos dos recursos naturais, a alteração de padrões de consumo e a adoção de tecnologias mais
brandas e limpas, e representa uma tomada de posição ante a premente necessidade de assegurar a manutenção da qualidade do
ambiente natural e dos complexos ciclos da biosfera.
Além da Agenda 21, resultaram desse processo quatro outros acordos: Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento;
Declaração de Princípios sobre o Uso das Florestas; Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica; e Convenção das
Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.
A Agenda 21 traduz em ações o conceito de desenvolvimento sustentável.
O que é desenvolvimento sustentável?
Existem diferentes interpretações para o termo desenvolvimento sustentável. No entanto, o governo brasileiro adota a definição
apresentada no documento Nosso futuro comum, publicado em 1987, também conhecido como Relatório Bruntland, no qual desenvolvimento
sustentável é concebido como;o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações
futuras de suprir suas próprias necessidades.
O Relatório Bruntland elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas
e presidida pela então Primeira-Ministra da Noruega, Gro-Bruntland faz parte de uma série de iniciativas1, anteriores à Agenda
21, as quais reafirmam uma visão crítica do modelo de desenvolvimento adotado pelos países industrializados e reproduzido
pelas nações em desenvolvimento, e que ressaltam os riscos do uso excessivo dos recursos naturais sem considerar a capacidade
de suporte dos ecossistemas. O relatório aponta para a incompatibilidade entre desenvolvimento sustentável e os padrões de
produção e consumo vigentes.
Merecem destaque as seguintes:
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a Declaração de Estolcomo, aprovada durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (Estocolmo, julho
1972), que, pela primeira vez, introduziu, na agenda política internacional, a dimensão ambiental como condicionadora e limitadora
do modelo tradicional de crescimento econômico e de uso de recursos naturais;
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a publicação do documento A Estratégia mundial para a conservação (Nova Iorque, 1980), elaborado sob patrocínio e supervisão
do PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, da UICN - União Internacional para a Conservação da Natureza e
do WWF - Fundo Mundial para a Natureza;
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a resolução da Assembléia Geral das Nações Unidas (dezembro, 1989), solicitando a organização de uma reunião mundial (CNUMAD
- 92), para elaborar estratégia com o fim de deter e reverter os processos de degradação ambiental e promover o desenvolvimento
sustentável.
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o documento Nosso futuro comum citado acima;
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Qual o objetivo da Agenda 21 Brasileira?
O Brasil, assim como os demais países signatários dos acordos oriundos da CNUMAD/92, assumiu o compromisso de elaborar e implementar
a sua própria Agenda 21.
A Agenda 21 Brasileira tem por objetivo instituir um modelo de desenvolvimento sustentável a partir da avaliação das potencialidades
e vulnerabilidades de nosso país, determinando estratégias e linhas de ação cooperadas ou partilhadas entre a sociedade civil
e o setor público.
Mais do que um documento, a Agenda 21 Brasileira pretende contribuir para a construção e a implementação de um novo paradigma
de desenvolvimento para o país. Esse desafio, todavia, só pode ser alcançado em etapas. A primeira está em curso e diz respeito
ao processo de elaboração da Agenda 21; adotou metodologia participativa, onde a parceria entre governo, setor produtivo e
sociedade civil é a palavra-chave. A segunda etapa deverá colocar em prática as ações e recomendações emanadas do processo
de elaboração, mediante o estabelecimento de políticas públicas compatíveis com o desenvolvimento sustentável. O exercício
dos conceitos pactuados entre todos os atores é, portanto, o indicador necessário para garantir a sustentabilidade dos resultados.
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De que trata a Agenda 21 Global?
A Agenda 21 Global indica as estratégias para que o desenvolvimento sustentável seja alcançado. Nesse sentido, identifica
atores e parceiros, metodologias para obtenção de consensos e os mecanismos institucionais necessários para sua implementação
e monitoramento.
A Agenda 21 Global está estruturada em quatro seções:
Dimensões sociais e econômicas - Seção onde são discutidas, entre outras, as políticas internacionais que podem ajudar
a viabilizar o desenvolvimento sustentável nos países em desenvolvimento; as estratégias de combate à pobreza e à miséria;
a necessidade de introduzir mudanças nos padrões de produção e consumo; as interrelações entre sustentabilidade e dinâmica
demográfica; e as propostas para a melhoria da saúde pública e da qualidade de vida dos assentamentos humanos;
Conservação e gestão dos recursos para o desenvolvimento - Diz respeito ao manejo dos recursos naturais (incluindo solos,
água, mares e energia) e de resíduos e substâncias tóxicas de forma a assegurar o desenvolvimento sustentável;
Fortalecimento do papel dos principais grupos sociais - Aborda as ações necessárias para promover a participação, nos
processos decisórios, de alguns dos segmentos sociais mais relevantes. São debatidas medidas destinadas a garantir a participação
dos jovens, dos povos indígenas, das ONGs, dos trabalhadores e sindicatos, dos representantes da comunidade científica e tecnológica,
dos agricultores e dos empresários (comércio e indústria);
Meios de implementação - Discorre sobre mecanismos financeiros e instrumentos jurídicos nacionais e internacionais existentes
e a serem criados, com vistas à implementação de programas e projetos orientados para a sustentabilidade.
Quais os conceitos-chave da Agenda 21 Global?
O texto da Agenda 21 contém os seguintes conceitos-chave, os quais representam os fundamentos do desenvolvimento sustentável:
Educação e desenvolvimento individual
A Agenda 21 destaca, nas áreas de programa que acompanham os capítulos temáticos, a capacitação individual, além de ressaltar
a necessidade de ampliar o horizonte cultural e o leque de oportunidades para os jovens. Há, em todo o texto, forte apelo
para que governos e organizações da sociedade promovam programas educacionais cujo objetivo seja propiciar a conscientização
dos indivíduos sobre a importância de se pensar nos problemas comuns a toda a Humanidade, buscando, ao mesmo tempo, incentivar
o engajamento de ações concretas nas comunidades;
Eqüidade e fortalecimento dos grupos socialmente vulneráveis
Essa premissa, que permeia quase todos os capítulos da Agenda 21, reforça valores e práticas participativas, dando consistência
à experiência democrática dos países. Todos os grupos, vulneráveis sob os aspectos social e político, ou em desvantagem relativa,
como crianças, jovens, idosos, deficientes, mulheres, populações tradicionais e indígenas, devem ser incluídos e fortalecidos
nos diferentes processos de implementação da Agenda 21 Nacional, Estadual e Local. Esses processos requerem não apenas a igualdade
de direitos e participação, mas também a contribuição de cada grupo com seus valores, conhecimentos e sensibilidade;
Planejamento
O desenvolvimento sustentável só será alcançado mediante estratégia de planejamento integrado, que estabeleça prioridades
e metas realistas. Portanto, esse conceito demanda o aprimoramento, a longo prazo, de uma estrutura que permita controlar
e incentivar a efetiva implementação dos compromissos originários do processo de elaboração da Agenda 21.
Desenvolvimento da capacidade institucional
A Agenda 21 ressalta a importância de fortalecer os mecanismos institucionais por meio do treinamento de recursos humanos
(capacity building). Trata-se, em outras palavras, de desenvolver competências e todo o potencial disponível em instituições
governamentais e não-governamentais, nos planos internacional, nacional, estadual e local, para o gerenciamento das mudanças
e das muitas atividades que serão solicitadas.
Informação
A Agenda 21 chama a atenção para a necessidade de tornar disponíveis bases de dados e informações que possam subsidiar a tomada
de decisão, o cálculo e o monitoramento dos impactos das atividades humanas no meio ambiente. A reunião de dados dispersos
e setorialmente produzidos é fundamental para possibilitar a avaliação das informações geradas, sobretudo nos países em desenvolvimento.
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